Eu sou um mimado, um egocêntrico e um narcisista. Enfim, um filhinho-da-mamãe. Admito. Envergonhado, mas admito. Ridicularizado, mijado, cuspido e humilhado. Mas admito. O que mais me frusta na vida é não controlar tudo. O que mais me frusta é não ser o Deus do velho Testamento, mostrando aos ditos escolhidos quem é que manda. "O bom da vida é viver ao sabor do vento". Eu tenho cara de hippie, por acaso? Não, não tenho. Eu sou um fascista. Eu quero ordem! E não tenho. Eu quero escravizar a História na minha lógica matemática em que dois mais dois serão sempre - SEMPRE - quatro. ax + b será sempre - SEMPRE! - igual a c. Eu não posso.
E nada frusta mais o meu fascismo que isso.
Eu não quero surpresas. Eu quero o tédio. A rotina. A máquina.
Eu amo a máquina. Eu amo a máquina.
Falar para aceitar que eu não posso controlar tudo é fácil. Especialmente, quando tudo conspira ao seu favor.
Eu passei a minha vida em uma prancheta, calculando o melhor momento de agir: menores riscos, maiores bônus, menos esforço, maiores possibilidades, noves fora: tcharãm! Eu venci.
Nunca deu certo.
Mas é só isso que eu sei fazer.
Essa a parte desesperadora.